NOTCIAS DE MELGAO
08/08/2016
Muan
OLHAR E TALENTO NATIVOS.

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Eliseu Pereira, fotgrafo marajoara, est na luta para vencer o esquecimento em que vive sua arte, no distante municpio de Muan, na Ilha do Maraj, onde nasceu e vive, e faz-la brilhar em Paris, no Museu do Louvre. Essa luta tem uma histria e um comeo. Em abril deste ano, Celso Lobo, tambm fotgrafo e paraense como ele, mas residente em Belm, foi condecorado embaixador das artes na Regio Norte pela Divine Acadmie Franaise des Arts Lettres et Culture (Divina Academia sa de Cultura Artes e Letras). E recebeu a misso de fazer indicaes para as publicaes e exposies patrocinadas pela Academia no mundo.

A Divina Academia j homenageou artistas brasileiros de diversas reas, entre outros, s na msica, Milton Nascimento, Martinho da Vila e Cauby Peixoto. Para Celso Lobo, a exposio que ele e Eliseu, como artista por ele indicado, faro no Museu do Louvre, apenas o comeo do que pretende fazer como embaixador na Amaznia da Divina Academia. Como todo membro da Academia devo agir com fraternidade, humildade, rigor, eficincia e benevolncia, divulgando e incentivando a cultura e as artes, diz. Mas no s: temos o dever de glorificar o trabalho dos grandes humanistas e honrar e reconhecer mulheres e homens de valor. E resume a amplitude da sua tarefa: A Divina Academia deve ser reconhecida no mundo como uma organizao voluntaria de homens livres e de boa vontade, agindo com temperana, fora, e, sobretudo, justia.

irador do trabalho de Eliseu, indicou o fotgrafo marajoara para ser um dos 50 fotgrafos brasileiros selecionados pela instituio para mostrar suas obras no famoso museu francs, na Semana Cultural da Academia, da qual tambm vai participar, de 19 a 26 de outubro, quando ser lanado o lbum de fotos da jornalista Diva Pavesi Les Brsiliens vus par les Brsiliens (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), que tem o mesmo ttulo da exposio.

Eliseu aprendeu tudo sobre fotografia sozinho, um grande talento, diz Celso. Por isso ele foi a minha primeira indicao como embaixador das artes aqui no Norte do pas. Celso tambm est indicando Eliseu para integrar a Divina Academia.

Eliseu se apresenta como um caboclo marajoara, e acrescenta: Tive a sorte em ter nascido e me criado neste paraso, em Muan, nas margens do rio Buiuu do Atat. Ele teve seu primeiro contato com a fotografia quando tinha cerca de 9 anos e desde ento vem registrando as manifestaes da cultura e tradies marajoaras, que agora, graas a indicao de Celso, poder mostrar para o mundo.

Jovem, com 28 anos de idade, Eliseu, que nasceu em 19 de abril, no por acaso, no Dia do ndio, se diz fortemente ligado s razes da sua terra. E conta: Minha famlia toda do interior, somos quatro irmos e meu filho, que ainda vai fazer dois anos, seguir o mesmo caminho - fidelidade aos valores e s belezas da nossa terra natal. A fidelidade a que ele se refere viver conforme o modo de vida do povo de Muan e de todo o Maraj, valorizando nossa cultura e costumes.

DESPERTAR

Ele lembra como se deu sua descoberta da fotografia. Um dia, um primo meu comprou uma Yashica Ez Emate. Ns juntvamos latinhas para vender, para poder comprar os filmes e mandar revelar as fotos. Foi como tudo teve incio. Eliseu comeou ento a fazer incurses fora da sua cidade, procurando assunto na mata prxima. Essas incurses aumentaram o seu entusiasmo pela fotografia, e quando a era digital chegou at a Ilha do Maraj, com o crescimento da globalizao, ele decidiu aperfeioar seu talento de fotgrafo amador. Comecei a estudar fotografia, pesquisando cursos e assistindo videoaulas, consegui comprar uns livros e fui praticando esses novos conhecimentos. Eliseu se diz um amante da fotografia e declara sua maior meta: Tenho um ideal, difundir a cultura do nosso povo, que at ento continua desconhecida pela maioria das pessoas. Quero usar a fotografia para fazer as pessoas darem mais valor ao nosso povo, e no deixar que se deixe que tudo que os nossos anteados construram e ensinaram caia no esquecimento, ignorado pelos prprios habitantes do Maraj.

Quando veio o convite para, enfim, realizar seu ideal aos olhos do mundo, a alegria foi grande, diz Eliseu. Mas, conquistado o mais difcil pelo seu talento, assim como pelo talento de Celso Lobo, vieram as dificuldades que os dois esto enfrentando para mostrar sua arte na Europa. Lugar comum enfrentado geralmente pelos artistas da Amaznia: a falta de apoio das instituies encarregadas de zelar pela Cultura na regio.

Celso Lobo conta: O mais difcil, que abrir caminho para o talento paraense ser reconhecido l fora, ns conseguimos sozinhos. Mas a comeam as maiores dificuldades, diz ele, que desde o convite para a exposio na Frana iniciou uma peregrinao por essas instituies, batendo de porta em porta em busca de apoio para estadia e agens. Sem resultado. Mas ainda no desistiu, e agora vai procurar a Secretaria de Estado de Turismo (Setur). Celso, porm, tambm est tentando por conta prpria: comercializando algumas das suas fotos j montadas em molduras e as pondo a venda, e abriu na agncia 1573 do banco Ita a conta 00993-1. Toda ajuda ser bem-vinda, de qualquer valor.

Como Celso em Belm, Eliseu tambm tenta vencer essas dificuldades no Maraj, onde os artistas vivem em ainda maior isolamento. Ele est buscando o apoio da Prefeitura de Muan, e espera que sua terra natal lhe d o apoio necessrio para a viagem a Paris e a oportunidade de mostrar as belezas marajoaras em Paris.

Em sua luta, ombro a ombro, Eliseu Pereira e Celso Lobo se fortalecem e confiam que vo conseguir. Estamos juntos nessa na luta. E vamos mostrar nossas artes no Louvre juntos, eles afirmam, decididos.

Fonte: O Liberal.

Comunicao/AMAM
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